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Ecologia do dia-a-dia

Se por um lado temos a sorte de não precisar usar asas de insetos, banhas, chifres, partes do corpo de animais entre outros ingredientes não menos esquisitos, como eram usados no Egito ou Grécia antigos – somos bombardeados por uma quantidade imensa de novos e modernos ingredientes “estranhos” ao nosso corpo: omethoxynnamate OMC, 2-ethylhexyl p-methoxycinnamate, Butylparaben e mais uma quantidade inominável aqui. O problema é que nem sempre podemos ter a dimensão dos danos à longo prazo causados por eles, tanto pra nossa pele quanto para o planeta.

Em geral a segurança dos ingredientes cosméticos só é avaliada bem depois de serem lançados no mercado, e esse processo pode durar anos até que se tenha certeza da toxidade, e então seja proíbido. Só aí ele é retirado das prateleiras e do seu uso. Porque o envestimento pra lançar um cosmético no mercado é enorme e nenhuma grande empresa vai desistir fácil assim. Ficar atento e evitar as “grandes novidades tecnológicas” é uma maneira bem eficiente de evitar as siladas da industria.

Não há estudos mostrando o quanto ganham das industrias cosméticas os principais “especialistas” envolvidos nas pesquisas que mostram que este ou aquele ingrediente “elimina 300% mais rugas do que os outros em tanto tempo”. Alias estes estudos estão muitas vezes carregados de imperfeições cientificas: para ser considerado cientificamente aceito é preciso ser revisado por pares, reprodutível, e em medicina é preciso também que seja “duplo-cego”, isto é, nem medico nem paciente sabem se estão usando o placebo ou não. Além disso, o patrocínio de empresas fabricantes de cosméticos é no mínimo eticamente duvidoso.

Principalmente no que diz respeito à pele, que é um orgão que responde muito ao sistema nervoso (todo mundo que já teve um problema de pele quando estava muito estressado conhece bem), e a estímulos emocionais é muito díficil entender qual o resultado estatisticos de um creme em 2 semanas, ou 2 meses. É preciso tempo para saber o verdadeiro efeito que um cosmético tem. Tanto pra bem quanto pra mal. A velocidade de lançamento de um “novo composto milagroso” é infinitamente maior do que a velocidade para que um ingrediente notoriamente nocivo saia das prateleiras.

Para se ter uma idéia veja o exemplo do chumbo. A FDA (Food and Drug Administration, agência Americana que regula a comida, remédios e cosméticos) demorou 20 anos de pesquisas para banir o chumbo de tintas de brinquedos de criança e móveis (que vão direto na boca de bebês!). O chumbo é um metal muito tóxico (atualmente não há níveis seguros de exposição), se acumula no corpo, especialmente no tecido cerebral causando inumeros danos cerebrais como deficiencias no aprendizado, e problemas sociais, além de disrupções hormonais.

E pasmem, mesmo depois de tudo isso ainda existem no mercado batons que podem conter chumbo. Algumas empresas demoram pra fazer isso, enquanto isso nós, os consumidores, estamos consumindo lixos perigosos sem nos darmos conta.

Nesse aspecto a regulação de cosméticos têm tentado melhorar, obrigando as empresas a listarem todos os ingredientes presents nos cosméticos. Ops… todos, não! Só aqueles que tem concentração maior que 1%! Abaixo disso (e em algumas outras circunstâncias) podem ser listado como “perfume”, ou seja, vai muita coisa pra gente escondida. Infelizmente é assim que a industria cosmética consegue ser uma das industrias que mais fatura no mundo! Para se ter uma idéia os alemães (campeões de gastos com cosméticos na Europa) gastaram €13.01 bi em cosméticos em 2014! A taxa de crescimento da industria cosmética como um todo, no mundo inteiro, não para de crescer há mais de 20 anos. É muito dinheiro, muita competição, não é à toa que todas as forças são usadas para que nós cosumamos cada dia mais.

Além de substâncias tóxicas de todas as formas que entram no corpo quando usamos algum produto industrial tóxico uma grande industria como a cosmética/farmaceutica também produz danos ecológicos primários e secundários para o planeta. O excesso de consumo desse tipo de produto que em geral usa embalagens descartáveis, viaja longos caminhos e deixa resíduos nas águas, atmosfera e solo deixa um rastro assustador. De forma geral é um enorme problema para o planeta, por conta dos resídos da produção e pelo enorme lixo que toda a cadeia produtiva vai deixando pelo caminho.

Reduzir é a palavra mágica e o desafio para os próximos passos: reduzir o consumo, as embalagens, as exigências, o lixo, reduzir as distâncias entre o produtor e o consumidor, a velocidade com que descartamos as coisas. Sem reduzirmos nossa pegada ecológica não será possível reverter o desastre que estamos prestes a assitir. Esse desastre não é só grandioso e em dimensões planetárias, ele se manifesta também no sofrimento de cada pessoa, e cada animal deste planeta. Porque vivemos numa rede muito mais conectada do que parece, onde cada movimento de cada indivíduo vai produzindo mudanças em toda rede.

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